V CONFERÊNCIA INTERNACIONAL de COOPERAÇÃO PORTUGAL-CHINA, sob o signo da Cooperação Portugal-China, no contexto da UE e do Sul Global, o Erguer do Brasil e da África

“A China, desempenha hoje um papel fundamental na negociação dos conflitos e na contenção da guerra. Nos últimos anos a China, o Brasil, Angola e os restantes países de língua oficial portuguesa, têm vindo a contruir um polo comum do multilateralismo, com uma crescente influência na política mundial, convergindo na defesa da paz e do desenvolvimento sustentável., afirmou o presidente da União das Associações de Cooperação e Amizade Portugal China” _Professor António dos Santos Queirós

 

Sublinhando que se Portugal não se integrar, cada vez mais, nesse polo (sem ter de excluir a UE e outras parcerias internacionais), nos planos cultural, político e económico, nos próximos decénios, a sua diplomacia global tornar-se-á completamente irrelevante. Apelou ainda para a análise da realidade da Chin, a partir da perspetiva de que a sua República Popular representa uma nova experiência histórica da democracia e do socialismo, em relação com o qual o quadro conceptual ocidental da hermenêutica política não é o adequado para compreender a Nova China

 Alberto Laplaine Guimarães

Em consonância com esta visão, o Major General Agostinho Costa, Vice-Presidente do Centro de Estudos EuroDefense-Portugal, analisou a situação mundial a partir do confronto entre dois blocos geopolíticos, em ascensão, aquele que a China lidera,  que conclama as nações para a criação de uma nova ordem internacional de harmonia e cooperação pacífica e o outrora bloco hegemónico,  anglo americano, que não desiste de resistir pela força à irreversível perda dessa hegemonia.  Concluiu, que os desafios do mundo atual exigem um grande esforço de adaptação das estruturas do Estado às mudanças no ambiente de segurança, de modo a preservar a paz, a segurança nacional e a que prevaleçam os interesses de Portugal. Afirmando ainda que não existe uma Estratégia de Segurança Nacional que materialize esse consenso.

Assim sendo, não basta reconhecer as grandes realizações do socialismo com características chinesas. E necessário escolher as estratégias e as alianças para criar um Consenso entre a Europa e a China, rumo a um futuro pacífico, democrático e sustentável para a humanidade. Considerando que a União Europeia é de facto uma Europa de Federalismo Burocrático e Financeiro, o caminho a seguir para garantir esse futuro não será o da sua militarização e protecionismo. Mas talvez o faça uma Europa de Federalismo Democrático, diria mais adiante o presidente da União.

Concluindo: “É a construção do pilar representado pela cooperação multilateral dos Países de Língua Portuguesa com a China que pode restituir a Portugal a sua plena soberania, se a EU se desagregar ou renascer como uma Nova Democracia”.

Alberto Laplaine Guimarães, Secretário-Geral da Câmara Municipal de Lisboa, fez um veemente apelo à paz como causa comum de toda a humanidade.

O embaixador Zhao Bentang sublinhou, na sua comunicação, a importância da recente resolução da III reunião plenária do CC do PCCh, enfatizando que a modernização chinesa segue o caminho do desenvolvimento pacífico e partilhado, assente numa política externa de paz. Mas também ecologicamente sustentável, de redução de carbono e da poluição, que responda às mudanças climáticas, aplicando o princípio do socialismo ecológico e da sua ética, de que “águas límpidas e montanhas verdejantes são ativos inestimáveis.”

O General Pinto Ramalho,  Presidente da Associação Multisecular de Amizade Portugal-China, antigo Chefe do Estado-Maior do Exército, valorizou a longa e cordial relação entre Portugal e a China, e analisou o quadro das tensões internacionais, sublinhando que conjuntura estratégica atual adotou um conceito alargado de segurança que a vê como um dos fins da Política, e, neste contexto, valorizou o apelo à solidariedade e a procura da manutenção da capacidade de intervenção da ONU, que estimula a disponibilidade política da Comunidade Internacional para intervir no quadro de operações humanitárias e de apoio à paz, com vista a concretizar o quadro de prevenção de conflitos, gestão de crises e reconstrução, previsto na Agenda para a Paz.Esta visão estratégica orientará o aprofundamento da abertura regional e o alargamento da cooperação internacional de alta qualidade, nomeadamente, no âmbito da Iniciativa um Cinturão e uma Rota da Seda, concluiu.

A Geografia política da Cooperação PLP-RPChina

Destaque para o emergir nesta Conferência de uma nova geração de investigadores e diretores das entidades de cooperação, cuja visão dá um novo impulso à aliança PLP-RPCh a par de figuras políticas do topo nacional.

Caroline Cicarello – Pesquisadora do OC e diretora d CCDPCh: “A Iniciativa Cinturão e Rota (ICR) representa a expressão internacional da capacidade chinesa da projeção da oferta e da procura ao nível mais elevado das industriais tradicionais e tecnológicas, como pontuado por Xi Jinping. Neste contexto, a China oferece aos países em desenvolvimento, duas características principais. Primeiro, corresponde a capacidade chinesa de absorver a informação de mercado através das State-Owned Enterprises (SOEs) e das empresas não-públicas chinesas, capaz de gerar sinergias estratégicas para disputar os mercados internacionais. Além disso, a China pode executar transferências de tecnologia que podem favorecer a produtividade do trabalho nos países em desenvolvimento, sendo outra característica relevante na disputa de mercados internacionais. Portanto, a China oferece através do ICR, uma plataforma de realocação dos mercados internacionais que podem favorecer os países em desenvolvimento, servindo de plataforma para os Países de Língua Portuguesa e BRICS+.

                                    

                                                        Caroline Cicarello, Choi Man Hin, Maria Fernanda Ilhéu

Elias Jabbour _Consultor da Presidência do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB)

No caso brasileiro e considerando os países periféricos, possui elevada importância um reforço estatal para o desenvolvimento econômico, mas que considere o contexto do exterior. No processo de desenvolvimento chinês, houve a clara demonstração da capacidade chinesa de construir trens de alta velocidade, que ainda está em expansão, com mais linhas e tecnológicas. A China possui grande capacidade de produzir bens de uso, espacialmente no âmbito da Iniciativa Cinturão e Rota (ICR), sendo uma alternativa para o desenvolvimento económicos para os países em desenvolvimento, inclusive o Brasil. Existe uma globalização liderada pela China, intimamente ligada com a capacidade da China em exportar bens de uso. Isso impulsiona a multipolaridade. Os BRICS+ não surgem como uma aliança antiocidental, apenas não é uma articulação de países ocidentais no desenvolvimento econômico.

                                                   

                                                                                                         João Santos Pinto, Bernardo Mendia

Pedro Anjos, do OC e da UALP _ “O Brasil, maior economia da América do Sul e principal parceiro comercial da China, assume um papel central na dinâmica comercial global. Timor-Leste, membro da ASEAN, reforça a integração da China no sudeste asiático, enquanto Portugal, com o seu acesso ao mercado europeu, é um elo vital para a diplomacia económica da China.

Angola, principal fornecedor de petróleo da China, e Moçambique, emergente ator global no setor de gás natural e logística, consolidam a presença da China na África e em mercados de energia estratégicos. Por fim, Cabo Verde e Guiné-Bissau, membros da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, ampliam as oportunidades da China na África Ocidental, fortalecendo ainda mais a rede estratégica que caracteriza a Iniciativa Faixa e Rota, um alinhamento que está, aliás, em sintonia com os resultados da Cúpula do Fórum de Cooperação China-África deste ano.”

O professor Paulo Duarte, da U: Lusófona e da U. do Minho, com uma intervenção crítica sobre o posicionamento da Europa ao sabor da estratégia definida pelos EUA. Realçou a descarbonização na China, apontando significativos progressos em diversas áreas.

Cristina de Jesus, anterior deputada da Assembleia da República, da CCDPCh e da U. Aveiro _ Analisou a China como líder mundial do turismo emissor e da sua transição para o novo paradigma de turismo ambiental. A Ecocivilização como um novo paradigma para o desenvolvimento da China e do mundo, o turismo chinês como indústria da paz e da regeneração dos ecossistemas.

A Professora Maria Fernanda Ilhéu, presidente da Associação Amigos da Nova Rota da Seda, evidenciou o crescimento dos investimentos estrangeiros na China, como um fator crucial para estabilizar e dar confiança ao mercado internacional e a importância dos investimentos chineses para o desenvolvimento sustentável dos países do SUL, a economia mundial e a redução da pobreza.

O Dr. João Santos Pinto, da CCILB (Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira), com 75 anos de existência, destacou o papel histórico da Câmara, sublinhando as facilidades oferecidas pela CCILB aos empresários, nomeadamente o apoio logístico, a assessoria comercial e jurídica, com o objetivo de fomentar o fortalecimento das economias do Mercosul e da União Europeia.

O Dr. Bernardo Mendia, Secretário-Geral da CCILC (Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa) e Presidente da PHKCCI (Câmara de Comércio e Indústria Portugal-Hong Kong), analisou as oportunidades de colaboração entre Portugal, a República Popular da China e Hong Kong, realçando o papel estratégico das câmaras de comércio na dinamização de parcerias económicas e comerciais.

O Sr. Y Ping Chow, presidente da CCPC-PME – Câmara do Comércio Portugal China, salientou a importância de um visa golden tecnológico em Portugal, como forma de atrair investimento para as áreas tecnológicas e de investigação e exaltou os acordos realizados no âmbito do projeto da Grande Baía, no âmbito do último Fórum Macau.

.O Dr. Rui Lourido, presidente do OC Observatório da China, historiou as relações de cooperação entre os PLP e a China e as iniciativas do OC, destacando o repositório digital sobre Macau.

O Sr. Choi Man Hin, Presidente da Associação de Comerciantes e Industriais Luso-Chinesa sublinhou o impacto da Nova Rota da Seda nas relações entre a União Europeia e a República Popular da China, atendendo à evolução das relações entre ambos nos últimos vinte anos, assim como ao interesse em aderir a este megaprojeto dos países que integram os BRICS

O Dr. António Costa Silva, ministro da Economia do XXIII Governo de Portugal, na área energética, referiu a vantagem comparativa de Portugal relativamente à Europa, através dos preços são significativamente mais baixos, valorizando a aposta de Portugal nas energias renováveis através de parcerias estratégicas como a EDP.

A V Conferência contou ainda com a participação do embaixador de Portugal na China Paulo Jorge Nascimento, das principais organizações de cooperação com a China, como a  CCILC e CCPC-PME, ACILC, a UCCLA, representantes do corpo diplomático dos PLP e das suas academias, diversas personalidades que integraram os governos da República e os Estado-Maior das Forças Armadas, um representante da Direção Nacional da Polícia de Segurança Pública, _ PSP, e em destaque Gao Haihong, Presidente do Centro de Investigação de Finanças Internacionais, do Instituto Nacional de Estratégia Global (NIGS), da Academia de Ciências Sociais da China, que apresentou as propostas da China para a reforma democrática do sistema financeiro internacional.

 

 

 

 

Gao Haihong                                                                                         Paulo Jorge Nascimento

O Dr. Luís Álvaro Campos Ferreira, atual Secretário-Geral da UCCLA_ União das Cidades capitais de Língua Portuguesa, antigo-Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação do XX Governo, e o Dr. Vitor Ramalho, o seu antecessor, defenderam o desenvolvimento da cooperação a todos os níveis, destacando o papel das autarquias.

 

 

A V Conferência foi uma iniciativa da Câmara de Cooperação e Desenvolvimento de Portugal China _ CCDPCh e do Observatório da China, com a União de Associações de Cooperação e Amizade Portugal-China, e o apoio das embaixadas, reforçada pelo Instituto Nacional de Estratégia Global (NIGS-CASS), da China e o Centro Cultural e Científico de Macau, presidido pela Professora Carmo Amado Mendes, a entidade anfitriã da sua sessão plenária. SEª o presidente da República, saudou a Conferência.

 

 

Lisboa, 20 de novembro de 2024

A Comissão Organizadora: Prof. António dos Santos Queirós, Presidente da União das Associações de Cooperação e Amizade Portugal – China, com o  Dr. Rui D’ Ávila Lourido, presidente do Observatório da China; o Sr. Y Ping Chow _ Presidente da CCPC-PME; e o Sr.Choi Man Hin, Presidente da Associação de Comerciantes e Industriais Luso-Chinesa.