Zhao Bentang
Opinião. Jornal Púbico. 29 de Outubro de 2021, 23:58
Em 2018, perante o Presidente Xi Jinping e o primeiro-ministro António Costa, foi assinado o memorando sobre a instalação conjunta do Laboratório STARLab, abrindo-se um novo capítulo da cooperação aeroespacial sino-portuguesa.
Desde o lançamento do primeiro satélite artificial, há mais de meio século, os humanos têm realizado atividades espaciais de grande escala. Foram lançados mais de 6000 satélites e vários veículos espaciais. Pousámos na Lua, construímos estações espaciais, e exploramos todos os planetas do sistema solar. A tecnologia espacial alcançou conquistas significativas marcando uma nova era na história da humanidade. Especialmente, o desenvolvimento dos voos espaciais tripulados permite à humanidade libertar-se das restrições atmosféricas e gravitacionais da Terra, e enfrentar diretamente o Universo, expandindo a imensidão dos horizontes e das fronteiras da atividade humana.
Em setembro de 1992, o governo chinês decidiu implementar o Projeto de Voo Espacial Tripulado e elaborou a estratégia do desenvolvimento denominada “Três Fases”. A primeira é lançar uma nave espacial tripulada, concluir o projeto-piloto e realizar experiências de aplicação espacial. A segunda é desenvolver as tecnologias que permitam a saída dos astronautas do veículo e o acoplamento das naves espaciais, lançar um laboratório espacial e resolver as dificuldades na aplicação espacial a uma certa escala sob vigilância humana a curto prazo. A terceira é construir uma estação espacial e superar as restrições na aplicação espacial de larga escala sob vigilância humana a longo prazo.
Foi definida a diretriz principal no início do Projeto de Voo Espacial Tripulado da China, que é: “A construção de naves espaciais é para construir a estação espacial, e a construção da estação espacial é para aplicação espacial”. Nomeadamente, o último objetivo deste projeto é obter significativos avanços na ciência espacial e investigação aplicada espacial. As condições específicas no espaço, tais como a micro/baixa gravidade e a radiação, fornecem ambientes ideais para fazer experiências de Física e Biologia. Nos últimos anos, a China, aproveitando as naves espaciais da série Shenzhou, e os veículos alvos espaciais Tiangong-1 e Tiangong-2, realizou dezenas de investigações científicas espaciais em oito áreas principais, por exemplo, na área da Ciência Espacial da Vida, na área da Ciência dos Materiais Espaciais, etc. Foram desenvolvidas centenas de unidades/conjuntas de cargas úteis, e obtidos resultados científicos e tecnológicos relevantes a nível mundial, como é exemplo o primeiro relógio atómico frio espacial do mundo.
Neste momento, o Projeto de Voo Espacial da China está na sua terceira fase, nomeadamente, a fase de construção e operação de uma estação espacial. Em abril de 2021, foi lançado ao espaço o módulo principal da Estação Espacial Chinesa “Tianhe”. No dia 17 de setembro de 2021, três astronautas concluíram as suas missões de três meses na Estação e retornaram à Terra em segurança. No dia 16 de outubro, a nave espacial Shenzhou-13 transportou dois astronautas e uma astronauta para a Estação. Eles trabalharão e viverão lá durante seis meses, ajudando s experiências científicas espaciais. Está previsto que antes de setembro do próximo ano, sejam lançados os Módulos Experimentais 1 e 2 da Estação. Nessa altura, os três módulos vão formar uma estação espacial completa. Anualmente, duas naves espaciais tripuladas e duas naves espaciais de carga, viajarão entre a estação espacial e a Terra, para realizarem trocas de tripulação e fornecerem suprimentos logísticos e experimentais.
Aderindo ao princípio de uso pacífico do espaço e com uma atitude aberta e cooperativa, a China dedica-se ao aprofundamento da cooperação internacional aeroespacial. Até agora, a China já assinou mais de 140 acordos de cooperação aeroespacial com 45 países e organizações internacionais, estabelecendo laços cooperativos de longo prazo com parceiros internacionais.
Em dezembro de 2018, perante o Presidente Xi Jinping e o primeiro-ministro António Costa, foi assinado o memorando de entendimento sobre a criação e instalação conjunta do Laboratório STARLab, abrindo-se assim um novo capítulo da cooperação aeroespacial sino-portuguesa. O Laboratório STARLab, além de participar na construção do primeiro microssatélite português Infante, está também a integrar soluções tecnológicas para microssatélites com plataformas de exploração em águas profundas.
A Estação Espacial da China também está aberta a todo o mundo. Atualmente, nove projetos de 17 países foram selecionados na primeira lista de experiências a serem realizadas na Estação.
A conclusão da construção da Estação Espacial Chinesa marcará o início da nova era da ciência espacial e da experiência de aplicação. Está previsto que a China construa um Laboratório Espacial Nacional e vários centros de investigação científica de alto nível entre o período de 2023 e 2027. Com as operações contínuas no espaço e na terra, serão desenvolvidas, com uma ampla cooperação internacional, um grande número de investigações de ciência e aplição experimental espacial. Com base nisso, é desejada que a capacidade de investigação em áreas tais como as da Ciência Espacial da Vida, a da Astronomia Fundamental, etc, possa atingir o seu melhor a nível mundial. E que uma série de resultados importantes da investigação científíca e da aplicação experimental venham a ser conseguidos. Até ao período de 2028-2032, terão sido concluídos cerca de mil projetos de experiências e investigações científicas, técnicas e aplicadas. É esperado que o Laboratório Espacial Nacional possa obter significativos avanços científicos e realizar descobertas com grande impacto internacional nas diversas áreas como, a astronomia, a ciência espacial, etc. E será promovido de forma geral a transformação e aplicação de resultados, gerando benefícios globais significativos na ciência e tecnologia, na economia e na sociedade.
Acreditamos firmemente que, com os esforços conjuntos, a Humanidade chegará a mais corpos celestes, explorará mais mundos desconhecidos e revelará a origem do Universo e da vida
Investigar e explorar o Universo é um sonho da China já há milhares de anos. Tanto no mito antigo, onde uma fada, “Chang Eh”, vivia na Lua, como no poema Tianwen (Perguntas ao Céu, em chinês), escrito pelo grande poeta Quan Yuan há mais de dois mil anos, expressou a sua vontade de conhecer melhor o Universo. Devido aos esforços contínuos, as curiosidades e os sonhos dos ancestrais chineses são hoje uma realidade. “A terra é o berço da Humanidade, mas a Humanidade não pode ficar no berço para sempre”. Sair e sobreviver afora da Terra a longo prazo é o sonho da civilização humana. A China também está a promover a exploração da lua e do espaço profundo. Os cientistas chineses estão a investigar a utilização de ecossistemas confinados para alcançar a auto-suficiência em materiais de sobrevivência para a exploração espacial de longa duração. E estão a estudar a possibilidade de exploração e utilização in situ dos recursos da lua ou do espaço sideral. Os mecanismos de exploração científica baseados na colaboração homem-máquina também estão a ser investigados para facilitar a exploração de corpos celestes. Acreditamos firmemente que, com os esforços conjuntos dos investigadores e cientistas de todo o mundo, a Humanidade chegará a mais corpos celestes, explorará mais mundos desconhecidos e revelará a origem do Universo e da vida.