Defender Abordagem Científica e Contrariar Politização no Rastreamento da Origem de SARS-CoV-2

 Dr. Zhao Bentang, Embaixador da China em Portugal
2021/08/24

O Jornal Público Publicou em 23 de agosto o artigo intitulado “Defender Abordagem Científica e Contrariar Politização no Rastreamento da Origem de SARS-CoV-2” do Dr. Zhao Bentang, Embaixador da China em Portugal. Segue-se o artigo em íntegra:

Atualmente, a pandemia da Covid-19 continua a assolar o mundo inteiro, coloca grandes ameaças a vida e segurança dos povos de todos os países, e implica desafios severos ao sistema de saúde pública global. Perante esta crise comum de toda a humanidade, a comunidade internacional precisa mais do que nunca de solidariedade e cooperação.

Desde o início da Covid-19, a parte chinesa tem participado ativamente na cooperação global no combate à pandemia e no rastreamento de origem do vírus com uma atitude científica, aberta e transparente. Nomeadamente, compartilhou na primeira hora a sequência genética do vírus com todo o mundo, trocou experiências de luta contra a Covid-19 com todas as partes, ofereceu o máximo possível de assistências a outros países atingidos pelo vírus, e convidou duas vezes especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) para fazer investigação de origem do vírus na China. Em Março deste ano, a OMS publicou oficialmente o Relatório de Investigação Conjunta China-OMS sobre Origem do SARS-CoV-2. O relatório seguiu os procedimentos da OMS, adoptou uma abordagem científica, forneceu conclusões autoritárias e profissionais sobre a origem da pandemia, e apresentou recomendações detalhadas para trabalhos futuros de rastreio da origem. É um relatório que consegue resistir ao teste da ciência e da história, e deve servir como a base e o guia para os trabalhos de rastreamento global. Agora a China está a implementar ativamente as recomendações do relatório e está disposta a compartilhar os seus resultados de investigação sobre a origem do vírus com outras partes.

Lamentavelmente, nos últimos tempos, ignorando os factos, uns certos países não param de conclamar a uma chamada investigação independente sobre a origem do vírus, até mobilizaram publicamente os serviços de inteligência para investigar a origem do vírus. Ao mesmo tempo, impuseram constantemente coação e pressão ao Secretariado da OMS e peritos internacionais, e incitaram o Secretariado a propor unilateralmente um plano de trabalho de investigação da segunda fase sem o consentimento unânime dos Estados membros, visando derrubar ou distorcer o Relatório de Investigação Conjunta China-OMS, e tentando politizar, estigmatizar e instrumentalizar a questão através da “presunção de culpa” e “investigação invasiva”. Isto não só desrespeita os cientistas e a ciência, como também prejudica gravemente a causa digna da luta global contra a Covid-19. Sobre isso muitos países já manifestaram preocupação e oposição. Mais de 70 países expressaram apoio ao relatório de investigação conjunta pela China e OMS, através de carta dirigida ao Diretor-Geral da OMS, emissão de declaração ou nota verbal, entre outras formas. Ao mesmo tempo, submeteram uma Declaração Conjunta mais de 300 partidos políticos, organizações sociais e think-tanks de mais de 100 países e regiões, apelando a uma investigação global objetiva e justa pela OMS sobre a origem do vírus, opondo-se resolutamente à politização desta questão. Isso é que revelou qual é a posição mais apoiada pela comunidade internacional.

O vírus não conhece fronteiras, enquanto a pandemia não discrimina raças. Igual a outros países, a China também é vítima da pandemia, e compartilha com os outros o mesmo desejo de identificar rapidamente a origem do vírus e interceptar a transmissão da Covid-19 mais cedo possível. No briefing sobre rastreamento de origem da Covid-19 para corpo diplomático acreditado na China que se realizou em 13 de Agosto, o Vice-Ministro dos Negócios Estrangeiros da China Dr. Ma Zhaoxu expôs a pleno a posição chinesa e os seus resultados mais atualizados nos trabalhos sobre o rastreamento. A posição chinesa neste assunto é coerente e categórica: em primeiro lugar, o rastreamento da origem do vírus é uma questão científica, pelo que deve e só pode ser os cientistas que façam a investigação e identificação da origem zoonótica do vírus e as cadeias de transmissão humano-animal. Nenhum país tem o direito de colocar seus próprios interesses políticos acima da vida das pessoas, nem deve politizar uma questão científica com o propósito de caluniar e atacar outros países. Em segundo lugar, as conclusões e recomendações que constam no Relatório de Investigação Conjunta China-OMS são amplamente reconhecidas pela comunidade internacional e pelos cientistas, pelo que devem ser respeitadas e implementadas por todas as partes, incluindo a OMS. Terceiro, a China apoiou sempre e não deixa de continuar a participar nos trabalhos científicos de rastreamento. O que a China se opõe é a politização da questão, bem como um rastreamento da origem que é contra a resolução da OMS e desconsidera o Relatório de Investigação Conjunta China-OMS. E quarto, os trabalhos na próxima fase devem ser feitos com base nos trabalhos da primeira fase, em vez de reinventar a roda. O Secretariado da OMS deve agir de acordo com as resoluções da OMS, ter consultas exaustivas com os Estados membros sobre o plano de trabalho de rastreamento global de origem do vírus, o mecanismo de acompanhamento inclusive, e realizar cooperação internacional praticamente orientada pela ciência. Isso é que facilita a identificação da mais possível origem do vírus.

Neste momento,ainda se alastra constantemente a pandemia em todo o mundo, enquanto a prioridade imediata reside no reforço da distribuição justa de vacinas e na solidariedade contra a pandemia. Na primeira edição do Fórum Internacional para a Cooperação de Vacinas contra a Covid-19 no dia 5 de Agosto, o Presidente da China, Xi Jinping, prometeu por escrito fornecer este ano dois mil milhões de doses de vacinas ao resto do mundo, e doar 100 milhões de dólares americanos para o mecanismo Covax. Empenhada em construir uma Comunidade Global de Sáude para todos, a China está disposta a promover ativamente a cooperação internacional de vacinas e dar novos contributos para a cooperação anti-pandémica global. Desde Setembro de 2020, a mais de 100 países a China já doou ou está a doar vacinas, e ao mesmo tempo, exportou vacinas para mais de 60 países. O volume total destas vacinas ultrapassou 770 milhões de doses, ocupando o primeiro lugar mundial neste aspecto. A China também fornece ativamente vacinas ao mecanismo Covax, às Forças de Manutenção da Paz das Nações Unidas assim como ao Comité Olímpico Internacional. Há pouco tempo, a China lançou uma iniciativa de Parceria de Uma Faixa e Uma Rota para a Cooperação sobre Vacinas contra Covid-19 e acolhe de bom grado a participação de mais países.

Desde a eclosão da Covid-19, a China e Portugal têm-se apoiado mutuamente no combate à pandemia, ilustrando a amizade e solidariedade nos tempos difíceis. Os povos dos dois países defendem a verdade e respeitam a ciência. Na primeira Reunião do Diálogo Estratégico entre os Ministros dos Negócios Estrangeiros da China e de Portugal que decorreu há dias, ambas as partes afirmaram que se deve seguir o espírito científico e profissionalismo ao rastrear a origem do vírus, e concordaram em opor-se à politização da questão e da OMS com o objectivo de levá-las como ferramenta para difamar determinados países. A China está disposta a trabalhar de forma solidária com todas as partes incluindo Portugal, para rastrear a origem com o espírito de abertura, transparência, abordagem científica e cooperação, dando contributos positivos para a derrota definitiva da pandemia e a construção de uma Comunidade de Futuro Compartilhado para a Humanidade.